sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

QUEM SOU EU

Israel Granville,
Advogado, Carazinho, RS


“Sou descendente de italianos da 2ª geração, filho de Frederico Frandoloso Granville e Antonina Gottardo Salva, nascido no interior de Passo Fundo, neto de Osvaldo Granvil, de Farra D’Alpago (Belluno), e de Maria Piccolli Frandoloso; bisneto de Giovanni Grenvil, de Venezia, e Maria Luigia Balbinot, de Santa Croce del Lago, de Farra D`Alpago (Belluno). Meu sobrenome sofreu as variações – Granvil, Granvile, Granville e Granvilla. A família chegou em 1878 no lote 133 da Linha Palmeiro, ao lado do Santuário Nossa Senhora do Caravaggio, em Farroupilha. A saga da família Grenvil consta no livro Bellunesi nel Mondo. Os bisnonos maternos Bortolo Gottado e Regina Zampiron e os nonos Cornélio Concato Salva (filho de Luigi Salva e Giuseppa Concatto) e Amabile Gottardo (filha do Bortolo Gottardo) eram do Vêneto (Padova ou Vicenza). Sua história constará no livro Veniti nel mondo. Sou, pois, italianíssimo.
A minha família, como a grande maioria dos imigrantes, era pobre. Não obstante, com todas as dificuldades e sofrimentos, deixou legado de mais de 2.000 descendentes. Eram colonos e viviam basicamente da roça, como eu próprio vivi até meus oito anos.
Pensando no estudo dos filhos, meu pai vendeu sua colônia (1944), que pouco valia, para estabelecer uma pequena bodega na cidade de Carazinho, objetivando dar estudos aos filhos. Não queria formar outra leva de analfabetos, como a que ocorreu na primeira geração, por falta de escolas. O empreendimento fracassou e ele passou a trabalhar como auxiliar de ferreiro numa grande metalúrgica. Com o salário, supria apenas as necessidades da alimentação. Foram tempos mais difíceis dos vividos na colônia, superados com o ingresso dos filhos no mercado de trabalho (1954). Os objetivos do pai de dar aos filhos melhores condições de vida foram alcançados.
Em 1966, me senti feliz em ter realizado seus sonhos como primeiro da família a cursar universidade, concluindo o Curso de Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade de Passo Fundo. Se então fui um dos primeiros formandos da 2ª geração, hoje, na terceira geração, há dezenas de médicos, dentistas, engenheiros, advogados, professores, psicólogos, veterinários..., entre os descendentes de Giovanni Grenvil e Maria Luigia Balbinot; de Luigi Salva e Giuseppa Concato e de Bortolo Gottardo e Regina Zampiron.
A perseverança, o trabalho e a coragem dos italianos, enfrentando perigos de animais selvagens, a facão, machado e foice, transformaram matas do Rio Grande do Sul em plantações e cidades, como Caxias do Sul, Gartibaldi, Bento Gonçalves, Veranópolis, Antônio Prado, Guaporé... Embora a falta de médicos, farmácias e hospitais, muitos ultrapassaram os 80 anos, como o bisnono Bortolo Gottardo, que faleceu com 85 anos. Sou, pois, parte de uma história, não de uma ficção, orgulhoso de ser italiano” (granvil@terra.com.br - Fone 0xx 54 33302883 – Carazinho, RS)

Israel viveu e participou da história de 130 anos da Imigração Italiana. Em seus bisavós e avós é um dos esteios da mesma. Escrevendo sua história e a de muitas famílias, está completando a história global da imigração. Fazer a América pelo trabalho pelo estudo continua como utopia da maioria dos descendentes. (Rovilio Costa).

O italiano que está em você é um projeto editorial de frei Rovilio Costa (e-mail: freirovilio@esteditora.com.br – telefone (51) 3336.1166) divulgado em parceria entre o Correio Riograndense e a Revista Insieme.
Publicado na página CULTURA DA EMIGRAÇÃO – CORREIO RIOGRANDENSE – Caxias do Sul, 04/10/2006 - 16